sábado, 21 de fevereiro de 2015

Memórias doces...

Quatro anos atrás, mais ou menos nessa mesma época assim logo após o carnaval, eu chegava em Montevidéu. Fora minha primeira viagem internacional e a primeira vez que andava sozinha de avião. Estava lá, pela primeira vez na vida dentro de um Hostel, onde moraria durante um semestre acadêmico com pessoas que não conhecia... mas que tornaram-se minha família com uma rapidez  inacreditável.


Não me lembro bem ao certo de como fiquei sabendo da vaga de intercâmbio com bolsa para o Uruguai. Na verdade fazer um intercâmbio não estava exatamente nos meu planos, nunca tinha sonhado com isso, achava que estava fora da minha realidade. Mas assim que soube da possibilidade tive a certeza que era o que eu queria. Prontamente escrevi minha carta de intenções (bem formal sem nada de inovador) e torci, pedi a Deus que desse certo. Quando me chamaram para a entrevista me perguntaram por que eu merecia aquela vaga mais que os outros. Pensei por meio segundo e respondi que talvez não merecesse, não conhecia os outros, mas eu realmente desejava aquela oportunidade, deixava à critério deles definirem quem merecia mais ou menos, porém garantia que se fosse selecionada faria por merecer. No outro dia já sabia que iria para minha primeira grande aventura!
Era também a pioneira em minha família a estudar fora. Minha mãe e meu avós não entendiam pra quê ir pra longe de casa estudar a mesma coisa que poderia estudar ali a alguns metros de onde morávamos (morava perto mesmo da ESEF/UFRGS, cursava Educação Física, e realmente era uma comodidade/ conveniência enorme). Porém precisava me "desacomodar" .
Estava em um momento delicado, já do meio para o fim da faculdade, sem certeza que tinha feito a escolha profissional correta., um pouco perdida, sem saber ao certo quem eu realmente era. Vendo a vida adulta me espreitar logo ali depois da curva (menos de dois anos após voltar do Uruguai me casei e me formei, o medo de crescer se foi). Era necessário que eu saísse do meu lugar comum, me desorganizasse para me encontrar. O tempo que passei por lá foi essencial na minha construção como adulta pois me proporcionou liberdade e independência. O choque cultural, as dificuldades e principalmente as pessoas que conheci me ajudaram a crescer.

Lembro com enorme carinho tudo que vivi, os lugares que conheci, mas principalmente a pessoas que fizeram parte dessa história, desse pedacinho de mim. Certa noite eu estava triste, braba, em crise e chorava muito, os mais chegados estavam ao meu redor me consolando, me ajudando a resolver os problemas... e o mais lindo, escutando sem julgar minhas decisões por vezes atravessadas. Os olhares simpáticos aos meu conflitos, me aceitando do jeito que eu era, inclusive com minhas falhas.
Sinto falta de cada um desses irmãos e do que cada um me ensinava através do seu jeito de ser. O amor que brotou em meu coração pela vida deles é enorme e puro! Hoje escrevi cartas para alguns... Eventualmente acompanho os rumos que tomaram e sinto um orgulho imenso de saber que fiz parte da vida deles e que eles fizeram parte da minha.  Espero vê-los em breve, reunir nossas lembranças e criar novas também! Tenho Saudades!

Faz quatro anos que vivemos o nosso universo paralelo, mas parece que foi ontem. Voltei diferente, mudada, me encontrei e me conheci.  E para minha surpresa,  gostei de mim!

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